Queridos irmãos e irmãs, refletiremos hoje sobre Jo 11,19-27 e Lc 10,38-42
A paz! O Senhor Jesus esteja no lar de cada um de vocês!
A liturgia desta semana nos traz, na quarta feira, a memória de Santa Marta, irmã de Maria e Lázaro, família cuja amizade com Jesus é narrada nos evangelhos. Nesta liturgia, duas opções são dadas para o Evangelho, uma de Jo 11,19-27 que narra o episódio da morte de Lázaro e a sua reanimação realizada por Jesus, ou o Evangelho de Lc 10,38-42, o episódio da acolhida de Jesus por Marta e Maria.
Em João, a estada de Jesus na casa desta família se dá num momento de dor e desespero pela morte de Lázaro. Quem toma a iniciativa de ir ao encontro de Jesus que chega é Marta, que interpela o Mestre dizendo que se tivesse vindo antes poderia ter evitado a morte do irmão. Mesmo tecendo uma espécie de reclamação pela ausência, Marta declara sua fé na relação de Jesus com Deus: “eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá”. Ao final, Marta faz forte proclamação de fé, semelhante a que Pedro fizera diante de Jesus (Cf. Mt, 16,16): “Eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus”.
Na sequência deste episódio, é Maria que vai ao encontro de Jesus e dirige-lhe a mesma queixa de Marta: “se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11,32). Ao vê-la chorar, Jesus se comove interiormente e derrama lágrimas. Não se fez de indiferente, mas dirigiu-se ao túmulo.
Em Lucas, na ocasião da visita de Jesus à casa das irmãs, Marta o recebeu em casa, e como no episódio anterior, narra-se que Marta ficou sentada em casa, desta vez aos pés do Senhor escutando a sua palavra. Ambas acolhem Jesus, Marta hospedando-o e cuidando do trabalho para bem recebe-lo e Maria acolhe-o com sua atenção, com seu olhar fixado nele e sua escuta atenta das suas palavras.
Novamente uma queixa é dirigida a Jesus da parte de Marta: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo serviço?”. Não se trata aqui de querer comparar a atitude de uma ou de outra, mas de perceber que a presença de Jesus tem efeito contrário nas duas. Para Maria, é uma alegria. Para Marta, um peso do qual ela reclama, mesmo que já tenhamos visto no primeiro relato a grande fé de Marta no Senhor.
O que a relação destas pessoas com Jesus tem a nos dizer hoje? Em primeiro lugar, que Jesus não é um Deus distante, mas vive no meio das pessoas, adentra seu cotidiano, frequenta suas casas e sabe das suas dores, das suas indignações mais simples às suas perdas mais profundas. Ele não se furta à humanidade e não se espanta com as reações, mas trata de conduzir, através da fé, a um olhar mais amplo sobre a realidade: “Todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá”,… “Marta, Marta, andas agitada com tantas coisas… só uma é necessária”… Jesus se faz presente, escuta e instrui com amor.
Do lado dos personagens da cena, eles mostram que Jesus é alguém a quem podem confiar suas dores, suas queixas, suas mazelas. É o Mestre-amigo próximo, que ajuda a reordenar a vida e as prioridades, que leva a purificar a ação a partir da contemplação, fazendo com que o discipulado não seja apenas um “fazer coisas” mecanicamente, mas antes, acolher o Senhor, deixa-lo entrar na sua vida, assimilá-lo, alimentar-se das suas palavras, para então poder fazer o mesmo que Ele fez.
PARA REFLETIR:
- Ser discípulo(a) de Jesus é um peso ou uma alegria? Ou ambos? Explique
- De que forma você permite que Jesus entre na sua casa e reorganize as prioridades? Como sua família se relaciona com Ele no cotidiano da vida?